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Leia o manifesto dos pediatras do Hospital das Clínicas e Hospital Albert Einstein

Segundo manifesto divulgado neste sábado, 21, no Brasil e no mundo, as crianças se infectaram mais em casa através dos próprios familiares expostos do que na escola

Um grupo de mais de cem médicos pediatras do Hospital das Clínicas e do Hospital Albert Einstein divulgou manifesto neste sábado, 21, a favor de manter as escolas infantis abertas, mediante protocolos de segurança, mesmo diante do aumento de casos de covid-19 no Brasil nas últimas semanas.

De acordo com Luciana Becker Mau, médica infectopediatra do Hospital Albert Einstein e representante do grupo, os pediatras reconhecem o momento complexo e consideram a escola que segue os protocolos de segurança um local seguro para as crianças durante as diversas fases da pandemia.

"Até seis anos está cada vez mais consolidado que a possibilidade tanto de infecção quanto de transmissão é pequena. Nunca é zero. Entre seis e 11 anos há um aumento dessa possibilidade e acima dos 11 anos já fica muito próximo do que acontece com os adultos", explica Luciana.

Segundo o manifesto, as crianças se infectam 2 a 5 vezes menos do que os adultos e não são consideradas disseminadoras em potencial do vírus. " A grande maioria das crianças é assintomática ou apresenta sintomas leves, principalmente os mais novos e, portanto, transmitem menos", disse Luciana.

A médica Luciana ressalta que o isolamento social prolongado traz muitos transtornos para a saúde mental e para o desenvolvimento infantil. "A gente vai ter que aprender a conviver com o vírus. Acredito que ainda vai demorar um tempo para voltarmos a viver padrões que vivíamos antes.

Um levantamento feito pelo Estadão mostrou que a maioria das escolas particulares na capital paulista teve no máximo dois casos de covid entre os alunos ou entre os professores desde que foram abertas, há pouco mais de um mês.

O Estadão questionou 20 dos maiores colégios da capital e 14 deles concordaram em responder ao levantamento. Somadas as escolas, elas têm recebido mais de 7 mil estudantes em atividades presenciais e cerca de 2,5 mil docentes e funcionários. Para especialistas, o número é baixo e indica que a escola não é o principal local para risco de infecção.

Há preocupação, no entanto, com o crescimento da quantidade de casos de coronavírus na capital, que tem atingido principalmente as classes mais altas. Na semana passada, a escola americana Graded School, de São Paulo, teve de suspender aulas presenciais de alunos do ensino médio e outras turmas mais novas por surtos de covid-19 entre alunos e professores. A contaminação, segundo carta enviada aos pais, teria sido causada por festas com centenas de adolescentes de vários colégios este mês. A escola também passou a exigir testes negativos de covid para que os estudantes voltem a frequentar as atividades.

Link da matéria: https://www.terra.com.br/noticias/educacao/grupo-de-pediatras-considera-seguro-escolas-infantis-permanecerem-abertas-durante-pandemia,362ede3faa0ffcc52c21d44947c9eec3kpiu659l.html

 

Veja o manifesto dos pediatras:

Nós pediatras, reconhecendo atentamente o momento complexo em que estamos e a discussão urgente sobre o lugar das crianças e da escola na pandemia, consideramos crucial que algumas informações já consagradas cientificamente sejam bem divulgadas.
Listamos abaixo os pontos mais críticos e enviamos a seguir alguns dos tantos artigos que embasam estas informações:

- As crianças se infectam menos do que os adultos, 2 a 5 vezes menos. O risco de se infectar é menor quanto mais jovem a criança.
- São muito raras as complicações nessa faixa etária, representando apenas 0,6% dos óbitos (sendo as crianças 25% da população nacional).
- Para as crianças, a exposição a COVID-19 as coloca em risco muito menor do que a exposição ao vírus influenza. E as escolas não fecharam nos últimos surtos de gripe.
- Apesar do que se supôs no início da pandemia, as crianças não são super-spreaders.
- A grande maioria das crianças é assintomática ou apresenta sintomas leves, principalmente os mais novos. E desta forma, transmitem ainda menos.
- As escolas, seguindo os cuidados indicados, não são locais de maior infecção. A experiência europeia provou enfaticamente isso.
- Com as medidas de prevenção, a escola é segura para os professores e funcionários.
- A exposição a crianças pequenas inclusive se provou um fator de proteção contra o novo coronavírus.
- No Brasil, as crianças se infectaram mais em casa através dos próprios familiares expostos do que na escola.

Sobre vacinação na faixa etária pediatrica:
Até o momento os testes clínicos da maioria dos laboratórios contemplaram adolescentes. A vacina produzida pela Universidade de Oxford e AstraZeneca incluiu crianças entre 5 a 12 anos. No Brasil, entre os testes clínicos autorizados pela ANVISA, a faixa etária dos testes clínicos é a partir de 16 anos.

O tempo da pandemia já é e seguirá longo. Agora temos que refletir sobre seus impactos a curto, médio e longo prazo. Sejamos justos com a infância e comprometidos com o futuro de todos.

Texto redigido por Grupo de Pediatras de São Paulo.

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